AVENTURA
Esvaziei a casa e enchi o coração.
Fugi do vazio abarrotado de sonhos.
Paguei pelas esquinas as ilusões.
Acelerei músicas, dancei pela noite.
Bebi, fumei, piquei, cheirei, adormeci.
Nunca mais me fui ou me reencontrei.
Árvore sem fruto, semente sem vida.
Poema sem declamar, poesia por fazer.
Provei então do meu próprio amargor.
Penalizei-me assexuado e sem amor,
Vi o reverso e o avesso do anoitecer.
Simplifiquei-me por aventura, dura.
Minutos eternos, infindos, remorso...
Perdão composto, racional, efêmero.
A volta pela porta dos fundos da casa.
Rastejando em silêncio, deitar e dormir.
Na cama onde espera o mesmo lençol.
Ouvindo o som dum respirar tranquilo,
vivendo seu sono sossegado de amor.
Tudo tal qual antes, depois e sempre.