Poesia Entre Goles
Poesia Entre Goles - Do segmento da obra – I – Poetimizando e musicando – ao último – XI – Ninando-nos no tempo – (todos titulados), descobre-se, por inteiro, a caminhada ascendente, multifacetada e una do poeta. Ascendente porque é novo de livro para livro; multifacetado porque cria sempre variantes novas no universo da poesia; uno porque não se desnivela do seu como dizer poético, sem se tornar repetitivo e redundante. (Caio Porfírio Carneiro)
Apresentação
É esperar... Que virão...
Para além do título do livro, de envolvência humana, da dedicatória que o complementa e envolve a figura feminina, vê-se bem que no conjunto dos XI módulos, que capitulam toda a obra, o que exsurge, em cada unidade e no seu todo, é o poeta lírico e sutil, pulsante e envolvente, que cala fundo na sensibilidade do leitor.
Conhecendo, como conhecemos, sua obra poética e outros livros, que se voltam ao mundo dos negócios, de alcance internacional, onde sempre palmilhou, palmilha e brilha, percebemos, de perto, que Alfredo Assumpção (Lé para os amigos) é uma personalidade múltipla, voltada ao mundo que o cerca e ao universo artístico que dele emana.
Do primeiro segmento da obra –- I - Poetimizando e musicando – ao último – XI - Ninando-nos no tempo – (todos titulados), descobre-se, por inteiro, a caminhada ascendente, multifacetada e una do poeta. Ascendente porque é novo de livro para livro; multifacetado porque cria sempre variantes novas no universo da poesia; uno porque não se desnivela do seu como dizer poético, sem se tornar repetitivo e redundante.
O texto Sobre o autor, que abre o livro, espelha, em síntese, quem é essa personagem rara do mundo turbilhante dos negócios e o seu contra espelho das nossas letras e de coração e alma também voltados às criações musicais.
O poeta, aqui, é que nos pulsa com este novo livro. Logo de início avulta a figura feminina. Tal como diz o autor no poema Toque: «Um sopro dos teus lábios / perfuma minha alma tão só.” Caminha da solidão à envolvência total.
Já no segmento seguinte surge a sonoridade popular. A poesia vem ao vivo plena de musicalidade pulsante, palpitante, trazendo, nas entrelinhas, ritmos quase dançantes. Desdobramento poético notável, de riqueza criadora surpreendente. E, logo a seguir, aparece o amor totalizante, do apego amoroso a dois à envolvência palpitante e poética.
Assim sentimos que caminha o livro, em gradação continuada, liberto de desníveis de qualidade. Eis porque analisar obra assim, cada segmento, que vai ao passado e vem ao presente, que espalha instantes vários do poeta, de forma mais detida, seria caminhar para o ensaio. E esta obra, por sua natureza, está quase pedindo isto.
Cada face poética, das onze que espiralizam do livro, é, numa cosmovisão mais ampla e livre, quase o andamento, sem exagero, de uma sinfonia, visto que globaliza sentimentos vários do poeta.
No sétimo segmento – VII - Pedaços de mim – traz a relevo, em poucos poemas, quase um romance inteiro de lembranças, amostragens várias sentidas e até doídas... E o que dizer de “VIII - Filosofiando”; segmento a seguir? A exposição cinematográfica anterior muda em perquirições poéticas analíticas, de visão de fato filosófica.
O notável é que Alfredo Assumpção, embora com todas as variações temáticas, nunca parte para fugas metafóricas e redundantes, não voleia em experiências formais enganosas, não se afasta da sua originalidade verbal, que fez dele um excelente poeta «simples, sem ser fácil». É senhor de um «como dizer» poético que, de pronto, vai dos olhos à alma do leitor. Nunca busca desvios formais enganosos e quantas vezes falsamente brilhantes. Porque sabe se valer das palavras que trazem nas entrelinhas outras palavras mudas que multiplicam, em emoção e arte, o que está escrito. Tal como diz o poeta no final do poema Tempo, que fecha o último segmento – XI - Ninando-nos no tempo – “ O tempo é somente o caminho de sempre / Onde nos resolvemos até o ponto final.”
O autor, através do título do livro – Poesia, Entre Goles – buscou dimensioná-lo um tanto bem humorado, e alcançou, em arte poética, sentimentos amorosos da vida humana em busca da felicidade, indispensável à própria existência humana.
E sua caminhada na Arte dos Deuses continuará, porque, dentro do Tempo, quem fez, como ele, o que fez, não há de parar... A chama do seu talento dinâmico, artístico e poético vem do berço.
Então é esperar por outros goles... que virão...
Caio Porfírio Carneiro