SECA DO MATUTO
Sua roça não gerou mais sementes.
Seu coração não chorou uma lágrima.
A alma está inerte, folha de jornal,
sem notícia boa para refazer o ânimo.
Está seco, duro, pedra sem vida.
Não consegue criar, só perambular.
Perde-se em meio a introspecções.
Busca resposta e o ramo não nasce.
Brota nada dele, exceto lamentos.
É árvore sem vida, natureza morta.
Você não está lá para regar a planta.
Só, é terra sem arado, sem chuva.
O pó é ele, na pegada que dignifica.
A ausência seca a carne ainda viva.
Que vida vai deixando de ter em si
na falta dum amor que sonhou ter.
A árvore que sombreava o matuto
perdeu todas as folhas e emudeceu.
Está quieta sem cantar as canções
que ninavam seu sonho na sombra.
Tudo secou nele e em volta dele.