VAZIO
Estou vazio em mim mesmo.
Sem coragem ou medo por estar.
Nem ódio ou amor sinto.
Oco da cabeça aos pés, sou.
Dormente esperando “talvezes”.
O que virá nunca saberei.
O destino desaprendi a desenhar.
“Vegetalizando-me” espero sozinho.
Sem renascer ou morrer no Eu.
Apenas figuro inútil na multidão.
Flor murcha que ninguém colhe.
Meus passos não me levam.
O corpo segue, a alma fica.
Sem você sou muito só.
Desesperançado e doente.
Dói-me a solidão inerte,
feita para ficar neste vazio.
Vago sem reconstrução poder.
Jamais serei fim ou início.
Desisti de buscar para ficar
de mal comigo e com o mundo.
O vazio é minha realização perene.
Minha música e poesia morreram.
A cinza delas foi-se com você.