ASSIM ERA ADELICE
Uma guerreira solitária,
armada com máquina de costurar.
Deu peito e comida a filhos.
Criou-os grandes em suas fileiras
de honestidade, amor e religiosidade,
escudados em dignidade para a vida.
Esta mulher pequenina no corpo,
imensurável no coração, fez escola.
Era das tais que, sem mais homem para amar
e com sogra para criar, andou em calçadas,
parou em esquinas, sem nãos jamais ouvir.
Um respeito em forma de mulher.
Altivez de fazer inveja, tinha esta Adelice.
Gostava das roupas que me fazia,
enfeitando-me filho para passear
nas ruas de Anta, de criança a homem feito.
E depois que me deixava mais bonito,
Ela ria. Assim era mamãe neste retrato
que pinto na forma de poema,
ínfimo poeta, poetizando tal grandeza.